7.3.07

Bachelard dedicou a obra "A Poética do Espaço" a questões que dizem respeito à Habitação.
Seria interessante conseguir esboçar algum esquema, mesmo que apenas mental, no seu início, das suas observações...mas é absolutamente labiríntico!
Mais interessante ainda..."A Poética do Devaneio"... não-fazível em termos esquemáticos.
Entre toda a pertinência no que nos dá a ler...um pormenor...minúsculo...não explorado...sobre o que nos distingue dos demais, que ainda experimentam sótão e porão...e di-lo francamente...somos afastados da potencialidades da verticalidade.

Tudo se traduz num plano branco, homogéneo, extremamente denso, impossível de trespassar e sem vestígios de transparências ou meios tons.
É de tal modo espesso que nele somos incapazes de experienciar os benefícios dos altos sonhos ou qualquer essência criativa dos subterrâneos, a sua força esmagadora sobre as certezas.
O conforto do lar deve ser, de algum modo, questionado, porque há nesse pressuposto qualquer coisa de artificial.
O desconforto é-nos tão próprio como a sede.
E, neste caso, o desconforto traduz-se por um inconformismo que nos é necessário.
A própria experiência que constitui a mudança de casa acciona ou activa, em nós, capacidades até então negligenciadas...
...e isto poderia aplicar-se a muitas outras situações.
Conforto, conformidade, confiança, confirmação, conf...
O Confirmar de que, por um periodo demasiado longo de tempo, as palavras de ordem foram conforto e um certo conformismo, a confiança de que essa seria a forma mais eficaz de se ludibriar o espelho em frente... e rasgar, por fim, o ventre bolorento...sem piedade...consciente da sua insuficiência quando se trata de nascer de novo!
(P.S - Os 29 anos...em contagem decrescente para um número redondo...podem, muito bem, encarnar uma nova forma de contar a própria estória...não?).

Filipa Soares

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