23.1.09

808ª mensagem deixada.
Ganham cor os estendais vizinhos. Contam histórias de jovens casais a debaterem-se, persistentemente, com a falta...
Na varanda, subsistem diferentes espécies de cactos, mas murcham as pétalas e amarelecem as folhas, com uma rapidez desnecessária.
Piazzola conduz-me, em certos temas, a uma saudade primordial, essa saudade da vida no seu essencial, essa saudade antiga e permanente.
A sopa serena, desta vez um caldo alaranjado, na escassez de leguminosas e do aveludado azeite.
O aspirador perdeu a sua avidez...e eis que se interropem as limpezas.
E a saudade, tinta-da-china sobre papel humedecido, invade suave as assoalhadas.
Já se estudou sobre pigmentos, já se reviram sinopses para as propostas de visitas pedagógicas, mas...
Falta tudo ainda... falta o raio de sol para aquecer as veias e fazer correr as energias cinzentas... isso falta!
Coisa que não falta, contudo, é a naturalidade com que me falam das contribuições para a segurança social.
Que leveza!!!
Pois é. Demasiados recibos, mesmo que fracos, levam a um montante mensal considerável... e junta-se, assim, mais um valor para abater no já diminuto ganho... e, no entanto, o empenho persiste. É verdade!
E pronto... tento, com dificuldade, tornar à correspondência... com quem está já tão longe que nem dos olhos me recordo.
E torno baços os vidros para o exterior, na notável tentativa de me ausentar, de me vasculhar, com quem descose uma gaveta atafulhada de memórias e bijus.
O inverno serve para isso mesmo!!!

Ausente!

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