1.4.09

(este raciocínio só fará sentido se retrocederem uma casa...e mesmo assim não prometo nada!).

Na forma como alinho tudo o que me rodeia: O jardim em cascata, num decrescendo de vasos grandes a pequenitos, ou mesmo os cadeirões de bambu, cada qual com duas almofaditas de pequena dimensão, perfeitamente centradas em relação às costas de cada um, ou a mesa de apoio precisamente a meio do grande sofá laranja, ou um amontoado de revistas e jornais, ou os produtos de higiene e frascos de perfume, ou as molduras do hall de entrada, ou...

Tudo isto surgiu porquê?

Meticulosa. Este lado meticuloso, diria eu, poderia muito bem ser representativo de uma qualquer inquietude que um psicólogo inexperiente diagnosticaria num piscar de olhos.

Inquieta fico sobretudo porque sei bem que esta é uma das múltiplas formas de ignorar uma necessidade extrema de mudança.
Se eu não fosse a insatisfação em pessoa, viveria alegremente entre as coisas, materiais e outras, sem de imediato pensar em como as poderia modificar, de alguma forma.
Tudo se me apresenta capaz de ser outra coisa para lá da que é e é isso que me faz, por vezes, frequentemente, cirandar pela casa e produzir não sei bem que outras coisas, mas outras.
Tudo se abre aos meus olhos como coisa que não é ou então sou eu que disponho de um mecanismo de tradução, digamos, que me impele à renovação. Sempre novo, mesmo o velho!

Curiosamente estranha é esta necessidade, que surgiu repentinamente, de contar (escrever) tudo isto!

E depois há outra coisa...

O meu espirito de coleccionador que, de certa forma, acaba por sabotar todo este trabalho de "limpeza" ou filtragem ou qualquer outro termo que vos pareça mais adequado.
Malas, que nem sequer são malas mas sacos. Sacos esses que encho de novelos, projectos de artigos artesanais, folhas soltas para escrever cartas que não envio e que acabam numa gaveta e noutra e noutra e que venho a descobrir 2,3,4 anos depois, talões de multibanco e outros que tais, um batôn gasto, dos mais melosos e rosas, da filhota, um porta-moedas em cetim com um acabamento duvidoso, uma caneta que não sei bem como me foi parar às mãos, 4 ou 5 isqueiros roxos, um deles já gasto, uma caderneta de pontas dobradas, uma agenda colossal rabiscada de ponta a ponta em dias que ainda não vieram, um gancho sem par ou molas de cabelo (também da filha), botões de madeira e de massa, agulhas de crochet, tricot e de costura (muitas vezes as 3 opções em simultâneo), uma pasta com uma série de correspondência a arquivar e que nunca o é, prestando-se a rabiscos saturados para quando alguma chamada telefónica mais prolongada, uma pedra, uma raiz ou tubérculo, uma concha já sem praia, uns restícios de tabaco de cigarros que se vão partindo na confusão, etc...etc...etc...

E tudo isto porquê?

Porque hoje me deu para fazer um bocadinho de cada uma destas coisas e, contrariamente a episódios semelhantes, deixei tudo a meio para responder a uma vontade ainda mais imediata de descrever todos esses passos.
Eventualmente porque hoje, mais do que em qualquer outro dia, acordei para o facto de tudo isto poder ser, efectivamente, alucinante para quem está desse lado.
Também é provável que muitos se reconheçam nesta descrição, ou não!

Certo é que me apeteceu dizer-vos e disse a mim mesma que de hoje não passaria.
E pronto. Cá está. Sou eu. Uma parcela apenas.

Felizmente, nem sempre sou tão complexa, mas meticulosa sim, ligeiramente obcessiva até!

12 de Março de 2009 (23:55).

1 comentário:

Lojinha da Avó Mina disse...

Como eu te compreendo, apesar de ser muito meticulosa numas coisas sou a desorganização em outras tantas e isso por vezes faz-me entrar num conflito comigo mesma que eu não sou capaz de explicar ou transcrever por palavras, só sei que fico mesmo zangada, irritada, aliás, extremamente irritada com isso. Esta ânsia de ter tudo em ordem e nem sempre conseguir chegar a esse ponto de organização, deixa-me num estado de ansiedade tal que muitas das vezes as coisas acabam mesmo por ficar num impasse que me deixa ainda mais louca.
Bem, só de estar a escrever estas breves palavras fico ansiosa, porque me vem à memória a 300 mil coisas que PRECISO de fazer/organizar e que ainda não estão feitas nem organizadas.
Acho que vou ficar por aqui, para não ficar ainda mais danada comigo própria, por isso é mesmo melhor ficar por aqui.

Beijinhos grandes
Gui