16.9.08



Filhota: E se ontem os meus passos eram ainda tacanhos, de quem apalpa terreno, hoje são mais apressados e, naturalmente, mais desprendidos.

A mãe, desta vez, limitou-se ao portão como, aliás, alguns outros pais e eu, sem rodeios, pus-me a caminho.

Ainda comentei a possibilidade de ir sozinha a partir da última esquina mas depressa mudei de ideias.
Não queria fragilizar a minha mãe com tamanha determinação. Sim, sim, foi isso mesmo, o que é que pensam?!

E a mãe até se mostrou aberta à questão mas...fica para depois. Tenho tempo!



Mãe: Hoje despertei para este cenário - filha sentada sobre a cama em absoluto silêncio (só isso já se estranha!), com a sua mistura de plasticina nas mãos e uma moldura já antiga a seu lado.

Aproximei-me devagar, com o coração já apertado, antecipando uma qualquer notícia inesperada.

Olhei a moldura e nela estávamos nós - A Família - como há 6 anos atrás.

Mais cabelo no pai, mais inexperiência na mãe e um ser minúsculo, cor de amora, no colo de ambos.

O que dizer nestas alturas?

Depreendi, de imediato, que fosse a velha questão do crescer, assim como nós temos a do envelhecer, e enfim...

Há poucas horas atrás estavam os pais em circunstância semelhante.

Com a vinda da escola...veio a nostalgia, como um resfriado, e atacou todos, sem excepção.

Abracei-a devagar, sequei-lhe as lágrimas e olhei-a nos olhos.

- Serás sempre a nossa menina... Não tenhas medo!!!

E a fazer-me de forte, fingindo tossir em vez de me lamuriar, fui directo à cozinha, esconder-me na panelita da sopa!

Ai, ai, o coração pequenino!!!

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